
Flup chega a Pernambuco em 2025 com debates sobre Negritude, Periferias e Potência Cultural

Pela primeira vez, a Festa Literária das Periferias – Flup desembarca em Pernambuco. O evento acontece de 10 a 14 de setembro de 2025, no Compaz Eduardo Campos, no Alto de Santa Terezinha, Zona Norte do Recife. A programação gratuita homenageia o poeta e escritor Solano Trindade e reunirá autores, intelectuais, artistas, lideranças religiosas e pensadores do Brasil para debater ideias que emergem das periferias, tanto geográficas quanto simbólicas.
Com o tema “Saberes conectados: negritude em todos os espaços”, a Flup Pernambuco promoverá uma série de mesas temáticas. Ancestralidade, arte, literatura, religiosidade, juventude, feminismo, política e direitos serão debatidos sob um olhar diverso e plural, valorizando saberes, pensamentos e produção de conhecimento de populações negras, periféricas e grupos historicamente excluídos em um Brasil marcado pelo ranço escravagista, privilégios hereditários e cruel concentração de riquezas.
A Festa Literária será realizada em diálogo com escolas, bibliotecas, espaços comunitários e movimentos culturais, reafirmando o compromisso da Flup com a descentralização e democratização do conhecimento, o incentivo à leitura e à criação literária.
Encontro de trajetórias e fortalecimento de redes
“Conheço Julio Ludemir, idealizador da Flup, desde a adolescência, mas nos dispersamos pelo tempo e espaço. Depois, passei a acompanhar suas atividades como jornalista e escritor e descobri esse trabalho pioneiro. Em 2023, fui ao Rio para participar da Festa, que homenageou Machado de Assis e Lima Barreto, no Morro da Providência. Naquele momento, soube que essa experiência precisava chegar a Pernambuco, terra de tradição literária e cultural efervescente”, observa Tarciana Portella, coordenadora da Flup Pernambuco e cofundadora do Instituto Delta Zero para o Desenvolvimento da Economia Criativa.
“A Flup não é apenas um evento - é processo, plataforma de pensamento, conexões e incubação de talentos antes invisibilizados. Sempre culmina em um grande encontro, como o que teremos aqui em setembro, que será o ponto de largada desse movimento de troca de expertises” finaliza.
Realização, história e reconhecimento da Flup
A Flup Pernambuco é uma realização do Instituto Delta Zero, em parceria com a Flup, por meio da produtora Suave e da Associação Na Nave, que realizam há 14 anos o evento no Rio de Janeiro. Emendas parlamentares, por meio do Ministério da Cultura, viabilizaram o evento, que conta ainda com apoio da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cidadania e Cultura de Paz e do Compaz Eduardo Campos.
A Suave é a produtora do escritor e gestor cultural Julio Ludemir, criador, junto com Écio Salles - precocemente falecido, da Festa Literária das Periferias, realizada desde 2012 nas comunidades do Rio de Janeiro. Com sua marca de valorização das vozes silenciadas e curadoria focada nas narrativas negras, indígenas, LGBTQIAPN+ e suburbanas, a Flup já recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Entre eles, Prêmio Faz Diferença (O Globo, 2012), Excellence Awards (London Book Fair, 2016), Retratos da Leitura (Instituto Pró-Livro, 2016) e Prêmio Jabuti (2020, categoria Fomento à Leitura). Em 2023, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou a Lei nº 10.235, sancionada pelo governador, declarando a Flup como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado.
Conexão com as raízes e compromisso com a cidadania
“A Flup, depois de 13 anos, está se encontrando com sua terra, com suas raízes. Para um pernambucano como eu, é uma grande alegria desembarcar no Recife com esta parceria e esta excelente programação. A Flup traz em seu DNA um jeito pernambucano de realizar: ousado, apaixonado e corajoso. Pernambuco é o estado mais diverso do país, e a Flup sempre apostou na diversidade - uma experiência única de Brasil.”, pontua Ludemir.
A chegada da Flup a Pernambuco representa não apenas um marco simbólico para a cena cultural do estado, mas também uma ponte entre territórios de resistência que compartilham raízes comuns. Ao ocupar o Compaz Eduardo Campos, um equipamento público premiado inclusive pela Unesco por seu trabalho com cidadania e cultura de paz, a Festa Literária reafirma seu compromisso com a construção de um Brasil mais justo, plural e conectado com seus saberes originários e periféricos.

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